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Uma lembrança de infância que me conduziu a minha escolha profissional

Estes 3 títulos talvez sejam os mais importantes da minha vida, em ordem cronológica: Fisioterapeuta (1999), Pesquisadora (2002), Mãe (2007 e 2010). Apesar desses títulos ocuparem um espaço gigante dentro de mim, eu me percebo muito além deles.




Desde criança sonhamos, mas sonhos são modulados pelo ambiente em que crescemos, pelos livros lidos, filmes assistidos, famílias que convivemos.


Me lembro especificamente da 3a série do primário, quando comecei a ler os livros no Brasil, pois eu fui alfabetizada na França e voltei no final da 2 série.


Eu adorava dois livros específicos ,que infelizmente não me recordo do título nem do(a) autor(a).


O primeiro deles é a história de um menino que ao crescer ia perdendo a força das pernas. A história relatava sua trajetória na escola, correndo, depois usando muletas e finalmente na cadeira de rodas. Lembro de reler muitas vezes e me impressionar com a resiliência do protagonista e dos diferentes comportamentos dos colegas.


O segundo livro era de uma árvore. Uma árvore que tinha um balanço e era rodeada de crianças brincando. No enredo, além das brincadeiras com crianças, a árvore assistia e ouvia histórias que as mais velhas serem cortadas e sua madeira utilizada para construção de móveis, de portas etc. A trama era tensa para uma crianças de 9 anos (risos). Sim, ao final do livro nossa árvore protagonista é cortada, percorre-se as etapas do tratamento da madeira e as reflexões como desejos de fim de vida ... e no fim das contas, a madeira dela é utilizada para construir um berço de bebê.




Dois livros que me marcaram muito, lembro das imagens, de algumas páginas específicas dos livros.

. . .

Aos 17 anos, no momento de escolher minha profissão, de certa forma as duas mensagens dos livros estavam comigo, na minha essência.

Não foi fácil seguir a lista de opções de cursos das universidades e escolher aquele que me realizaria. Sempre gostei muito de estudar e dizia que seguiria desbravando livros e experimentos em qualquer curso.

Mas encontrar aquele curso que me permitisse florecer ainda mais a minha essência... foi quase por acaso, mas encontrei.


Entre vários cursos* a fisioterapia me permitiu enfrentar muitos medos e trabalhar a minha resiliência. O mais lindo na fisioterapia era poder tratar as pessoas com o movimento, com recursos não químico estimular o corpo a produzir e liberar suas moléculas para cicatrizar e se recuperar. Poder fazer diferente e ajudar as pessoas a enfrentar suas incapacidades adquiridas como o menino do meu livro de infância.


E o mais triste era estar próximo das pessoas que perderam alguma capacidade física, seja uma paraplegia, um membro ou a incapacidade invisível. Esta última me assustava, e foi para lá que fui, foi para onde direcionei minha curiosidade e minha disciplina de estudos. Poder ajudar a reconstruir apesar da tristeza da perda, como na árvore protagonista do meu outro livro de infância.


Desde o mestrado me dedico ao estudo da dor crônica, essa incapacidade invisível.


Dor é invisível, mas de certa forma também é visível. Basta conhecer a pessoa que sofre para perceber seu sofrimento em dias de crise de dor.




--------------------------------------------------------------------------------- *Os vários cursos, acho lindo pois tem relação com os livros da minha infância: Engenharia Florestal (1994.1 FURB - aprovada mas nem me matriculei), Química (1994.2 UFSC - cursei um semestre depois de já ter começado a fisioterapia), Medicina (1996.2 Limoges/França - aprovada mas preferi ir cursar um ano de Fisioterapia em Paris/França e depois voltar ao Brasil) Fisioterapia (UDESC, 1994.1; 1995; 1996.1; 1997.2 até a graduação em 1999.2)

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