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Entre o veneno e o remédio, a diferença é a dor

A importância da dose é conhecida pela humanidade há muitos séculos.


Na história da humanidade há inúmeros registro das observações de curiosos, filósofos e primeiros pesquisadores, onde excessos podem ser nocivos e doses pequenas podem curar.


Podemos exemplificar pelo ☀️ sol nas plantações🥬 , excessos de 🔥 presença ou ausência🍂 são literalmente ☠️ nocivos à produção; 🔎 encontrar a dose intermediária necessária para aumentar a produtividade, esse era o 🗝 segredo desejado pelos primeiros agricultores 👩🏼‍🌾🧑🏾‍🌾👨🏻‍🌾.


Essa busca pelo ponto de equilíbrio até hoje intriga nossa população.

No caso do tratamento da dor essa dúvida não é diferente, há muitas questões sociais e científicas para explicar a localizar a dose "correta" "suportável"



Por um lado,

há pessoas que não querem tomar remédio nenhum, versus aquelas que não querem sentir dor de jeito nenhum!


Será que não seriam dois extremos? Provavelmente sim, assim como o exemplo do sol na plantação.


A dose alta é geralmente reconhecida como um veneno; mas a ausência de dose também poderia ser quase um outro tipo de veneno. Devemos tomar cuidado para não sermos negligentes.



Explico:


EXTREMO : Ausência de dose.

(lavoura sem brotinhos por ausência de sol)


Quando uma pessoa sente dor e escolhe SUPORTAR a dor.

Há um certo peso social quase que de admiração por aqueles que toleram a dor

mas, ao contrário do que muitos imaginam, a pessoa não está necessariamente deixando seu corpo mais forte e resistente a dor. Hoje em dia sabe-se que o bombardeio de informação de dor no sistema nervoso é um fenômeno que sensibiliza as vias vias de modulação da dor; deixando - aos poucos - nossos receptores (captores de dor) mais sensíveis.

Além disso, enquanto a pessoa está sentindo dor, ela tem muitas perdas na sua qualidade de vida: não tem vontade de encontrar ninguém, as vezes dorme mal por causa da dor, fica irritada pois a dor ainda não aliviou, ... há uma perda, mesmo que seja uma dor passageira.



Quando uma pessoa sente dor e escolhe ANULAR a dor.

Quem escolhe zerar cada sensação de dor ou desconforto é, as vezes, apontado socialmente com termos pejorativos, como se fosse alguém "fraco". Mas por outro lado, a ciência defende cada vez mais essa atitude para minimizar os efeitos deletérios da informação nociceptiva sobre a atividade nas vias de modulação da dor. Por que deveríamos suportar dores que já tem remédio ou medicamento?



O que está por tras do medicamento

É importante reconhecer que parte das pessoas optam por tolerar a dor:

(1) por medo de ficar dependente ou viciado em algum medicamento;

(2) por medo de efeitos adversos;

(3) por considerar que pode tolerar essa dor;

(4) por desconfiar da indústria farmacêutica;

(5) ...


Entendo essa dúvida e esse cuidado, pois excessos não são bons! Mas será que ao negar não estaríamos também cometendo um excesso?



Infelizmente, nem todas as dores são aliviadas pelos medicamentos (fármacos) que temos disponíveis.


Sabe-se hoje em dia que a dor é modulada por várias moléculas diferentes e para poder ajudar no alívio da dor é necessário recorrer a MUITAS estratégias diferentes: tanto pelos tipos de medicamentos quanto pelas modalidades de funcionalidade emocional, física e social.


A dor não se limita a uma lesão, a dor é mais ampla, ela é multidimensional e a nossa percepção da dor será SEMPRE diretamente dependente de como nós nos sentimos seguros (ou não ) em determinado contexto u situação.



Sentir dor é diferente quando estamos sozinhos, quando estamos vulneráveis ou quando somos os responsáveis pela situação. O cérebro modula e filtra informações para que a gente possa agir, prestar ajuda ou ser ajudado de acordo com cada contexto.



Essa reflexão sobre a diferença entre o remédio e o veneno é explicada pela ciência da saúde pela curva HORMESE. Ao contrário de um raciocínio linear onde a exposição à substância/estímulo é progressivamente nociva, na curva da HORMESE há uma janela em que a baixa dosagem pode proteger e até curar.











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